domingo, 5 de julho de 2009

Corrida dos Ratos, Click and DO NOT talk about Fight Club


Vamos considerar apenas a existência de duas classes sociais, a burguesia e o proletariado, generalizando assim essa ilusão de que existem várias, se não sabe o que esses nomes significam, favor clicar no “x” do canto superior direito da página você, muito provavelmente enquadra-se no segundo grupo. Logo, com certeza ouviu as seguintes palavras de seus pais: “Estude com afinco, tire boas notas e consiga um bom emprego.” Eles não estão errados, afinal de contas, querem que seus filhos tenham tudo que eles não puderam ter, e que sejam mais sucedidos.

Mas boas notas e boa formação garantem sucesso? Se você considera sucesso como ganhar muito dinheiro, notará que jogadores de futebol, astros da música e etc, ganham mais dinheiro do que você jamais conseguirá, e provavemente não possuem um diploma. É, de fato, o mundo não é um bom lugar pra se viver, pois parece que somos vítimas de injustiças. Está incrustado em nossas mentes de que a felicidade é ter dinheiro, é consumir, é a ausência de problemas. Quando crianças, pensamos em profissões que gostaríamos de ter, sem nunca parar para pensar em dinheiro. Mas logo desistimos de nossos sonhos, visando uma faculdade que possibilite uma profissão que tenha ótimos salários, para assim alcançarmos a felicidade.

Mas se é algo tão simples assim, porque a esmagadora maioria não consegue? Provavelmente ficaram em um dilema cíclico entre o medo e a ambição. Medo de perder um emprego tido como seguro, e a ambição de querer sempre ganhar mais dinheiro. O livro “Pai Rico Pai Pobre” de Robert Kiyosaki e Sharon Lechter trata exatamente disso, um evento chamado de “Corrida dos Ratos”:

"Uma criança nasce e vai para a escola. Os pais orgulham-se porque o filho é bom aluno. Entra na universidade e consegue seu diploma de um curso superior. Consegue um emprego. O filho começa a ganhar dinheiro. Chegam os cartões de crédito e começam as compras. Com dinheiro para gastar, o filho vai aos mesmos lugares aonde vão os jovens, conhece alguém, namora e, às vezes, se casa. A vida é então maravilhosa, marido e mulher trabalham: dois salários são uma benção. Sentem-se bem sucedidos e o seu futuro é brilhante. Decidem comprar casa, um carro, uma televisão, tirar férias e ter filhos. A necessidade de dinheiro é imensa! O feliz casal conclui que as suas carreiras são de maior importância e começam a trabalhar cada vez mais para conseguirem promoções e aumentos. A renda aumenta e vem outro filho… e a necessidade de uma casa maior. Trabalham ainda mais arduamente, tornam-se funcionários melhores. Voltam a estudar para obter um especialização e ganhar mais dinheiro. Talvez até consigam ter mais do que um emprego. As rendas crescem, mas os impostos também crescem. Perguntam: para onde vai todo este dinheiro?.

Para mais informações: http://jovemnerd.ig.com.br/nerdcast/nerdcast-82-nerd-rico-nerd-pobre/

Então, apenas o fato de ganhar muito dinheiro o deixa feliz? Ou saber lidar com o dinheiro que realmente importa? A felicidade é a total ausência de problemas ou a capacidade de lidar com eles?

Uma grande metáfora sobre esse assunto foi o filme "Click", estrelado por Adam Sandler, que, embora muitos consideraram-o apenas como mais uma comédia imbecil do ator, eu enxerguei diferente. Enxerguei um pai de família tão desesperado por uma promoção no trabalho, a fim de ganhar mais dinheiro e satisfazer o desejo de consumo da família, que acabou deixando a mesma de lado, o que não é algo incomum. Quantas crianças raramente vêem seus pais, pois os mesmos estão ocupados trabalhando cada vez mais, e tentam compensar sua ausência com brinquedos caros, viagens e jantares em restaurantes chiques? Se possível, revejam esse filme tentando olhar por essa óptica, e notarão que podem estar seguindo o mesmo destino.

Possivelmente, o maior soco na cara que você pode levar em relação à esse assunto é lendo e/ou assistindo "Clube da Luta", de Chuck Palahniuk. Qualquer um que use seu cérebro conhece e acha esse um dos, senão o filme mais foda já feito, portanto não há motivos para uma resenha. Vou apenas deixar aqui minhas citações preferidas do filme:

"God damn it, an entire generation pumping gas, waiting tables — slaves with white collars. Advertising has us chasing cars and clothes, working jobs we hate so we can buy shit we don't need. We're the middle children of history, man. No purpose or place. We have no Great War. No Great Depression. Our great war is a spiritual war. Our great depression is our lives. We've all been raised on television to believe that one day we'd all be millionaires, and movie gods, and rock stars, but we won't. We're slowly learning that fact. And we're very, very pissed off."

"We're consumers. We are by-products of a lifestyle obsession. Murder, crime, poverty, these things don't concern me. What concerns me are celebrity magazines, television with 500 channels, some guy's name on my underwear. Rogaine, Viagra, Olestra."

"The things you own, end up owning you."

"You are not your job. You are not how much money you have in the bank. You are not the car you drive. You are not the contents of your wallet. You are not your fucking khakis. You are the all-singing, all-dancing crap of the world."

- Tyler Durden

Um último aviso: Se você está lendo isso, então isto é para você. Cada segundo perdido lendo este texto inútil é outro segundo a menos da sua vida. Você não tem outras coisas para fazer? A sua vida é tão vazia que você honestamente não consegue pensar numa maneira melhor de vivê-la? Ou você fica tão impressionado com a autoridade daqueles que a exercem sobre você? Você lê tudo o que deveria ler? Você pensa tudo o que deveria pensar? Compra tudo o que lhe dizem pra comprar? Saia do seu apartamento. Encontre alguém do sexo oposto. Pare de comprar tanto. Pare de se masturbar tanto. Peça demissão. Comece a brigar. Prove que está vivo. Se você não fizer valer pelo seu lado humano, você se tornará apenas mais um número.

Você foi avisado.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Star Trek 2009

Em 1969, quando Jornada nas Estrelas foi cancelada, todos pensaram que já era. Mas as reprises mantiveram a chama viva e levaram a uma série de desenhos animados. Quando o seriado animado foi cancelado, em 1974, pensaram que tudo tinha terminado. Então, veio a perspectiva de ressuscitar o seriado original, o que acabou culminando na primeira incursão cinematográfica da franquia. E, a cada novo filme, existia a perspectiva de que fosse o último. principalmente após o V Mas a chegada de uma nova série à TV, em 1987, mostraria que ainda havia muita vida em Jornada nas Estrelas. A produção de A Nova Geração transformaria o que era o culto de uma legião de fãs numa fantasia de entretenimento de massa. Três novas séries, quatro filmes e mais de 600 episódios depois, parecia que Jornada finalmente estava se esgotando. Mas Jornada nas Estrelas tem esse hábito de não morrer nunca...


O escolhido para 'ressuscitar' mais uma vez a galinha dos ovos de ouro foi ninguém menos que J.J. Abrams. A uns cinco anos atrás, você poderia pensar: "J.J. Quem?", mas após criar e produzir o seriado Lost, Abrams ficou conhecido na indústria como o homem com o 'toque de Midas'.

Ficou decidido que seria preciso trazer de volta ao foco aquilo que definiu Jornada nas Estrelas à época de sua criação: os personagens. Kirk, Spock, McCoy, Scotty, Uhura, Sulu e Chekov estariam de volta, para um enredo até então inédito - a história de como eles se conheceram e assumiram suas funções na USS Enterprise (Quase como um Star Trek - Begins). O filme também conta com a participação especial de Leonard Nimoy, que voltou de sua aposentadoria justamente para voltar ao seu papel de "Velho Spock"



Em meio a toda essa nova tendência de filmes voltados para o público jovem, com muita ação e derivados, o mais novo Star Trek, de J.J. Abrams, não seria exceção. Contudo, ele o fez de modo muito superior à George Lucas e cia, apresentando um bom filme, e que agradou boa parte dos fãs da Série Clássica, coisa que a nova trilogia de Star Wars não fez.

Todavia, não se pode agradar à Gregos e Troianos, muitas críticas, por assim dizer, partiram dos fãs mais 'old schools'. De fato, as emoções exageradas de Spock e uma série de coincidências muito convenientes fazem um fã ávido da Série Original torcer o nariz. Mas daí a dizer que o filme é ruim, é exagero. Uma resposta à essas críticas que eu achei apropriada - e concordo plenamente - fora escrita pelo "Doutor C", em um dos comentários da resenha do filme feita pelo Alexandre Ottoni, o Jovem Nerd:

"O objetivo do filme era reapresentar as personagens, ambiente e alguns temas da série clássica de Star Trek para uma nova geração em uma linguagem cinematográfica de thriller de ação.

Spock emotivo: no episódio “The Cage”, Spock na missão comandada por Pike, sorri. Em “Charlie X”, já na missão de Kirk, Spock sorri para Uhura quando ela brinca com ele. Em “Amok time”, Spock tem uma explosão emocional quando descobre que Kirk está vivo. Podemos então deduzir que Spock, como todos os vulcanos, tem emoções, ele busca controlá-las pela lógica. No filme, Spock está na fase da vida anterior a missão comandada por Pike e ainda aperfeiçoando seu autocontrole. A destruiçao de seu planeta natal e a morte da mãe efetivamente o abalam.
Por fim, Leonard Nimoy, o grande intérprete de Spock, que se recusou a participar do filme “Generations” por achar o roteiro ruim e a parte de Spock pouco relevante e até incongruente, aprovou o roteiro de Star Trek com as ações e interpretações previstas para Spock. Como ele é aposentado e e tem 78 anos, creio que podemos supor que Nimoy está sendo honesto.

Spock rindo em "The Cage"

Vulcano destruído é parte do universo alternativo criado pela viagem no tempo, bem como algumas mudanças de design da nave..

Temas de Star Trek no filme:

- o que significa ser um ser humano, o nosso equilíbrio entre razão e emoção, personificado basicamente em Spock e Data. Esse elemento está presente no filme na angústia de Spock e no seu choque com Kirk.

- condenação ao preconceito e opção pela multiculturalidade e mestiçagem, trabalho em equipe. O aspecto mestiço de Spock é ressaltado, bem como o preconceito que sofre por ser vulcano. A tripulação se mantem multiétnica.

- O papel dos EUA no mundo: agir sozinho ou atuar em conjunto. Spock do futuro falha ao garantir aos romulanos que ele sozinho resolveria o problema da supernova. Bush falhou ao querer resolver sozinho o problema do terrorismo internacional. Todas as vezes que Kirk tenta resolver sozinho, ele literalmente apanha. Quando age em equipe, a equipe vence.

- O que significa ser um líder. Autosacrifício. Capitão Robau e o pai do Kirk logo no começo exemplificam isso. Kirk não conseguindo aceitar uma situação sem saída na simulação do Kobaiashi Maru. Cap. Pike disposto a morrer. Kirk e Spock indo para a morte certa.

- O valor da amizade e do amor. Kirk e MCcoy, Kirk e Spock, Spock e Uhura.

- Otimismo em relação à evolução humana. A própria evolução das personagens no filme. Kirk vai de fanfarrão a líder, Spock lida melhor com seus sentimentos.

Enfim, creio que os temas estão lá, apenas a linguagem visual e o estilo de direção foram mudados para atrair o público jovem atual."

Outra crítica exposta é a do universo paralelo. Afirmam que foi preguiça (ou covardia) de escrever uma história coerente embasado nos acontecimentos da Série Clássica. Eu discordo.

O conceito de universo alternativo proposto por J.J. foi uma sacada de mestre, na minha opinião. 'Reviver' uma saga eternizada por grandes atores nos anos 1960 podendo se dar ao luxo de escolher quaisquer aventuras futuras, sem se prender ao que já foi feito, além de dar liberdade para os novos atores. Era um medo meu, por exemplo, Chris Pine ficar à sombra de Bill Shatner e não conseguir se sobressair, não deixando o público acreditar que aquele era Jim Kirk. Felizmente, isso não ocorreu com nenhum deles, estão todos de parabéns. Por falar em parabéns, as equipes de efeitos especiais, trilha sonora, direção de arte, maquiagem, edição e figurino também fazem mais do que por merecê-los, filme belíssimo nesse sentido.

Para encerrar, nas palavras do Jovem Nerd:

Um filme perfeito para apresentar este maravilhoso e rico universo a quem nunca nem sequer ouviu falar de capitão Kirk e a toda uma nova geração de fãs. Uma adaptação exemplar, que inovou, construiu e ainda manteve sua essência intacta!

Live long and prosper.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Orkut e a Inclusão Digital.


Em Janeiro de 2004, um novo sistema de ‘rede-social’ na internet fora desenvolvido: o Orkut. Ele tem esse nome originado em um boiolinha funcionário da Google (Seriously) – Orkut Whatever (Google it, faggot).

Nessa época, era comum você perguntar à um conhecido "Ei, você foi convidado pro Orkut?" e ouvir como resposta "ke? Yakult? (Iorguti também vale) '-' HAuahUAHAU XDDD ke isso rsrsrs" - Bons tempos, indeed.

A idéia era bastante interessante, actually. Comunidades funcionariam como versões simplificadas de forums, e você poderia conhecer pessoas com os mesmos interesses que os seus, e o melhor, você tinha que ser convidado para poder participar.

Contudo, tudo isso foi destruído sem dó nem piedade quando tiveram a imbecil fatídica idéia de liberar o cadastro, assim ocorrendo o dito ‘Brazilian Takeover’, ou no bom PT-BR, ‘A Invasão dos BRs’.

PROTIP: Não confundir BR com brasileiro. Embora ‘BR’ derive de brazilian (NO SHIT, SHERLOCK), nem todo brasileiro é BR. Mas todo BR é brasileiro, sem sombra de dúvidas. Eis uma histórinha que define muito bem como são os BRs nos jogos online:



Banalmente conhecido como o website oficial do Brasil, o Orkut tornou-se o melhor exemplo ever da frase “Brasil – Um país de todos.” Sendo o refúgio de drama whores, attention whores, emos idiotas, posers, pedófilos, estupradores se fazendo de menininhas, enfim, tudo que vale a pena.

Comunidades sendo usadas como show off (Eu adoruh Harry Potter – Oficial!!!11shiftOnEeLeVeN todas as outras saum fake HAUhauAHuah - Membros: 6) , fake accs, retardadismo. Isso era apenas o começo. Em meio a ‘HAUhauIAHuaiHauihauiH’, ‘RSrSRsrS’ e diversas outras risadas imbecis, emoticons, abreviações, fotos de stronda, péssimo uso do PT-BR (Além de erros grotescos, a reticências substituiu todos os outros sinais ortográficos) e o pior, USO DO ALL CAPS, todos que possuem cérebro muitos, assim como eu, simplesmente desistiram.

Em suma, Orkut tinha tudo para ser algo bacana, infelizmente se transformou nisso que vemos hoje sux.

Se você se ofendeu com qualquer comentário acima (Logo, age dessa maneira na internet), foda-se isso significa que você não é um nerd e não deveria estar aqui. Portanto, volte para o seu mundo online que se resume à Orkut, Msn e Google, dumbass.